DIRETOR DO CENTRO ANUNCIA QUE PAÍS NÃO DISPÕE DE POLÍTICA VIRADA À SAÚDE MENTAL
O Diretor-Geral do Centro de Referência de Saúde Mental, Jerónimo Henrique Té, revelou, hoje (22 de agosto de 2023), que a Guiné-Bissau não dispõe de um programa ou política virada para a saúde mental.
A revelação foi feita à Rádio Sol Mansi, numa entrevista onde se abordou o funcionamento daquele único centro público de tratamento de saúde mental do país denominado “Centro de Referência de Saúde Mental Osvaldo Máximo Vieira”.
De acordo com o clínico Jerónimo Henrique Té, antes da guerra político-militar de 1998, existia um Programa ligado à Saúde Mental, mas, assegurou que já está em andamento uma nova política de Saúde Mental, sobre o qual espera um aval e seguimento da parte do atual titular da pasta desta área.
“Antes de 7 de junho, havia um programa elaborado pelos Holandeses, porque são eles que dirigiam o centro, mas depois da guerra (7 de junho de 1998) todo o documento estragou e o país está agora sem um programa de saúde mental, agora estamos na aventura, só que o documento está a ser trabalhado sobre o regulamento de saúde mental no país, ou seja, política de saúde mental para melhorar o funcionamento e esperamos que este governo e o ministro da tutela tomam engajamento para dar seguimento a este documento”, explica.
Atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a saúde mental como prioridade das prioridades, por isso, o Médico Especialista em Saúde Mental defende ser urgente que o governo preste uma maior atenção ao sector.
“Não pode exigir a saúde sem a saúde mental, porque a saúde mental afecta a nível do cérebro, alterando a forma de pensamento, e quem tem problema de alteração da mente não pode fazer nada, por isso, é urgente que o governo dê atenção a este sector”, apelou.
Antes da guerra político-militar de 7 de junho, o Centro era mesmo de referência na nossa costa ocidental, inclusive, alguns estudantes europeus vinham realizar prática neste Centro, mas, atualmente esta instituição não dispõe de capacidade de internamento, apenas realizam tratamentos ambulatórios, devido a falta de um fundo de manejo e da própria estruturam conforme a explicação do clínico Jerónimo Té.
“Não há fundo de manejo para o centro, há problema na construção faltam algumas estruturas sobretudo da cozinha, no refeitório e próprio problema de medicamento que no mercado é um pouco difícil, em termos do pessoal temos o suficiente para cobrir o serviço de internamento assim que o governo decidir disponibilizar o fundo e criar as condições para remodelação das estruturas pode voltar no aquilo que é a sua vocação de internamento e tratamento ambulatório”, assegurou para depois informar que o centro regista sempre a afluência dos pacientes que na maioria são usuários de drogas.
Segundo ele “as pessoas procuram este serviço, inclusive usuário de droga, na segunda-feira por exemplo consultamos uma média de 30 doentes na maioria ambulatório, os novatos são 3 a 5 por dia”.
O médico Especialista em Saúde Mental aconselha os familiares a procurarem o centro, porque existem técnicos capazes de recuperar qualquer paciente mental, mesmo aqueles que são considerados na praça pública “dos crónicos”.
“Todos os tipos de pacientes com problemas mentais têm tratamento aqui, mesmo os que já têm mais de dez anos de problema mental”, afiançou para depois afirmar que “há vários exemplos de pacientes que foram recuperados aqui, através do tratamento ambulatório”.
O Centro iniciou o seu funcionamento nos inícios dos anos 80, mas foi destruído na guerra político-militar de 1998. Em 2010 iniciou-se o trabalho da sua reabilitação em agosto de 2016 e reinaugurado, com uma capacidade de internamento de 36 pacientes os quais não está a acontecer, devido falta de fundos de maneio e de algumas estruturas necessárias para que o internamento possa ser efectivo.
O Centro de Referência de Saúde Mental "Osvaldo Máximo Vieira" conta com 34 técnicos, dos quais 11 são contratados.
Por: Braima Sigá
- Created on .

