Rui Jorge Semedo: GUINEENSES NÃO DEVEM TOMAR COM ÂNIMO LEVE O REGRESSO DA FORÇA DA CEDEAO
O analista político guineense insurgiu, hoje (4), contra o regresso das forças militares da CEDEAO para apoiar na estabilização da Guiné-Bissau após o ataque ao palácio do Governo na terça-feira (1).
“Este é um assunto que deve merecer debate nacional. Não podemos tomar com o ânimo leve da mesma forma como as pessoas rejeitaram no passado, as forças angolas (MISSANG) em Bissau” sugeriu o politólogo igualmente comentador dos assuntos político da Rádio Sol Mansi, Rui Jorge Semedo, num olhar sobre o comunicado final da cimeira extraordinária dos chefes de Estado e do Governo da CEDEAO realizada, ontem, em Acra, capital do Gana, para analisar a situação de golpes militares na região oeste africana.
Segundo o politólogo “é bom repensar as presenças dos militares da CEDEAO na Guiné-Bissau. O próprio presidente da República está a entrar em contradição, porque a sua bandeira é exactamente essa, a Guiné-Bissau não precisa da presença militar da CEDEAO e agora, estamos a precisar de novo? questionou.
Para o Rui Jorge “é muito suspeita o comunicado da CEDEAO ontem, num contexto em que há países que precisa mais da presença dos militares desta organização e estes militares não vão para esses países. Que as pessoas procuram acompanhar o que está a acontecer no Níger, porquê que a CEDEAO não decidiu enviar os militares já que o Mali, Conacri e o Burkina Faso foram suspensos da organização, mas o Níger continua a ser membro da comunidade”, questiona para de seguida apelar os responsáveis políticos, militares e a própria sociedade civil a opinar se vale a pena ou não [a vinda dos militares estrangeiros] e em que molde devia vir. Na minha opinião, acho que não é necessário, se o próprio [presidente da República] chamou os militares de republicano por ter defendido o presidente da República e o resgatar vivo, qual é a necessidade da vinda das forças estrangeiras”.
“Se era os militares que perpetuarem o ataque aí sim, dizíamos que o presidente estaria em risco mas não é militares, o presidente da República e o Governo dizem que os militares até saíram em defesa do chefe de Estado, então ele está bem protegida, é uma contradição, ou seja, estamos a mostrar que os nossos militares são incapazes, um risco e uma ameaça do presidente da Republica”, considerou.
No entender do analista político “é muito prematuro pensar na vinda da força da CEDEAO para manutenção da paz na Guiné-Bissau, ou seja, será que houve o aval do governo neste sentido, o parlamento já debateu sobre a necessidade, própria classe castrense qual é a sua opinião? porque devem ter a informação para opinarem. Eu particularmente, vou na linha do presidente da República que resultou na retirada da missão de ECOMIB, a Guiné-Bissau não está em guerra, o que devemos fazer é clarificar o que aconteceu, a tal suposta tentativa do golpe do Estado ou ataque terrorista seja lá o que for, é que devemos nos concentrar neste momento”.
Ontem, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou que vai enviar uma força para apoiar a estabilização na Guiné-Bissau, palco de um ataque à sede do Governo, na terça-feira, resultando em 11 morto segundo o executivo.
Por: Braima Sigá
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